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A falta que tudo faz

Como é incrível rever a família e os amigos que sentiam a nossa falta, como é gostoso se sentir querida e amada por aqueles que você tanto ama e também sentia saudades, mas ainda falta alguma coisa. Depois de alguns dias de viagem você acha que aquela sensação de vazio no peito vai passar, que você vai entrar na rotina e vai se acostumar com sua nova velha vida, mas pelo que eu percebi ate agora, não é bem assim. Quando eu ouço falar qualquer coisa sobre o sertão da Bahia eu me arrepio toda e penso o quanto eu gostaria de estar lá. Quando eu olho para o céu durante o dia espero ver aquela imensidão azul com nuvens brancas, que mais parecem pintadas do que naturais, mas tudo que vejo são arranha-céus limitando a minha visão e a poluição estragando aquilo que deveria ser naturalmente lindo. Durante a noite espero ver as incontáveis estrelas e a lua reluzente, que deixam o céu mais branco do que negro, mas o que vejo é apenas a escuridão. Quando ouço uma música acho que pode vir um forró por ai, mas são as mesmas músicas de sempre. Quando ouço algum barulho penso que pode ser os sinos dos bodes, o grito das crianças ou o som do vento, mas são os mesmos barulhos de sempre da grande cidade. Quando acordo de manhã acho que vou correndo encontrar meus amigos queridos na Tonton e dizer: “bom dia, bom dia, bom diaaa”. Mas não é bem assim. Eles não estão ali pertinho como sempre estavam. Incrível como 15 dias se tornam sempre,se tornam uma eternidade mágica, um sonho que você não queria ter acordado. Como faz falta os abraços apertados, os beijos carinhosos e os desenhos feitos pelas nossas crianças, os bodes andando pra lá e pra cá com aqueles olhares de ressaca (por Mari Girino), o calor do sol durante o dia, o frio do vento pela noite, até os banhos gelados que nos faziam ter ainda mais energia pro resto do dia, as conversas na sede, a Taberna da Guria, o cuscuz, os sucos, a água de coco, os atendimentos, o cinema ao ar livre, as rodas de conversa, os recadinhos no correio da amizade. E, por último, mas o mais importante: o carinho e o olhar de todos que, sem precisarem dizer nada, demonstravam que nos sentíamos em casa, que estávamos no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas e que não queríamos ir embora. É, tudo faz muita falta.


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