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Fazenda Chora Menino: despertando para a realidade


Você vê reportagens em comunidades carentes, onde crianças passam fome e a única renda da família provém de bolsas do governo. Um misto de sensações invadem o pensamento. Emoção, empatia, e na maioria das vezes vontade de fazer algo para mudar aquilo. Eis o momento em que você tem a oportunidade, de fato, de intervir na vida de pessoas que sofrem com a falta de atendimento médico, odontológico e mais do que tudo, carência de atenção. Na Fazenda Chora Menino é possível encontrar todos esses elementos. O vilarejo possui cerca de 40 casas. Todos se conhecem. Um é irmão do outro, primo daquele e sobrinho do vizinho. Podemos denominá-los de “grande família”. Grande parte da velha guarda dessa família freqüentou a escola, no máximo, até o ensino fundamental. Parece até que eles duvidam da educação. Conversando com duas moradoras de lá, elas me disseram que não tinham por que ir à escola, pois não aprendiam nada. Em contrapartida, uma agente comunitária do local acredita que falta interesse da comunidade, já que os meios existem. De qual lado ficar? A Fazenda possui uma escola que atende crianças até os 10 anos. Após essa idade, os menores são encaminhados para as unidades de ensino de Bendegó, cidade localizada à 30 minutos de lá. A verdade é que a falta de recursos passa despercebida. Nós, extensionistas, chegamos lá acreditando que somos os super-heróis e que vamos construir e modificar tudo o que está errado. Sabe aquele velho ditado: “como sentir falta de algo que nunca teve?”, na Fazenda é totalmente aplicável. A realidade de não ter banheiro ou energia elétrica, para eles, é comum. Ao final do dia, quando o trabalho do atendimento chegou ao fim, uma sessão de cinema foi levada à comunidade. A parede da escola serviu de projetor para a exibição do filme. O mais impressionante foi o momento em que uma estudante de Medicina questionou às crianças se elas sabiam o que era um filme: “é uma moto? uma planta?”, elas respondiam com a pergunta. Um pai que estava presente na sessão confessou para mim que o filho nunca teve contato com esse tipo de lazer. Este choque de realidade é uma das coisas mais importantes e essenciais do projeto de extensão. É o momento em que paramos e refletimos sobre os paradigmas que trazemos conosco e essa mania de querer mudar o mundo à nossa forma, ao que acreditamos ser melhor para as pessoas.



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